Efeito Colateral

 

Todas as decisões que tomamos geram efeitos indesejados, mesmo que sejam pequenos e que não percebamos, o simples fato de fazer uma escolha pode criar efeitos para o resto da vida.

É exatamente isso que está acontecendo no Rio de Janeiro. O governo, diferente do que era feitos há mais de 30 anos, decidiu levar a sério a questão da segurança e levar o Estado para dentro de algumas favelas, retirando-as do domínio de traficantes. E como tudo gera um efeito colateral, esses traficantes se organizaram e virão que esses ataques terroristas seriam o meio mais rápido de aterrorizar o poder do Estado e retornar a situação anterior de total descaso com a segurança.

A decisão do Estado foi bem clara: retomar o comando das favelas dominadas pelo tráfico. Não pense que isso foi a toa ou apenas para o bem da população. O fato é que a favela é um núcleo de proliferação dos serviços, atualmente o tráfico de drogas em si não é a principal fonte de “renda” dos traficantes. Os serviços oferecidos para os moradores é o carro chefe da marginalidade carioca. E é justamente atrás desse dinheiro que as organizações privadas estão. Para isso, pacificou-se algumas das maiores favelas da cidade, além de deixar mais tranquila as áreas turísticas nas quais elas estão inseridas.

Não vale falar do que está acontecendo, até porque todos já devem estar cansados de ver nos noticiários. O importante são as motivações para isso, tanto dos bandidos, quanto para o poder público. A discussão também não passa pela legitimidade do uso da força pelo Estado, tudo isso é perfumaria perto da situação pela qual estamos passando. É uma guerra, e nessas situações não há espaço para filósofos, sociólogos e membros protetores dos “Direitos Humanos”. Na guerra contra as organizações criminosas somente duas forças devem ser levadas em consideração: A força, através da polícia e forças armadas -se necessário- e a política, através dos secretários, ministros, prefeitos, governadores e presidente. As discussões que envolvem elementos além desses devem ser deixadas para períodos de tranquilidade.

A formula é simples, e se repete até com uma certa frequência: O Estado e o tráfico estão em um certo equilíbrio sustentado pela corrupção, até que alguma coisa acontece e o poder público tem que dar satisfação para a sociedade e procura dificultar a vida dos criminosos. Eles começam a perder dinheiro e em seguida realizam operações terroristas, queimam ônibus, carros, realizam arrastões, o Estado não aguenta, o ônus político para sustentar uma guerra é muito grande, e acaba negociando a “paz” com os líderes das facções criminosas e nós entramos no equilíbrio.

Dessa vez as coisas parecem estar diferentes. Por motivos já citados, com a criação das UPP’s o poder público tirou algumas favelas da dominação do tráfico. O que desequilibrou a balança. Acuado, os marginais revidaram através do terrorismo. Só esqueceram de analisar a nova situação, as coisas não estão do jeito que sempre foram, as eleições passaram, mas o rigor do nosso secretário de segurança não diminui nem um pouco.

Estamos em uma fase diferente, na qual a corrupção e a incompetência não estão presentes, pelo menos no comando das instituições: Um governador que deu carta branca ao secretário de segurança, ninguém menos que José Mariano Beltrame, no comando geral da PM está um coronel do BOPE. Acho que não é necessário falar mais nada.

Para ajudar, tanto o governador do Estado quanto o prefeito da capital querem alçar voos mais altos na políticas, e estão enxergando uma ótima oportunidade para fazer um marketing, felizmente, quem ganha com isso, pelo menos por enquanto, somos nós. O plano de combate está certo, resta saber se depois da “limpeza” o Estado saberá manter a ordem, ou, como acontece em alguns lugares da zona oeste, o tráfico somente será substituído por outro tipo de organização, como as milícias.

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